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Descubra as Aldeias Históricas de Portugal

Viaje connosco pelas Aldeias Históricas de Portugal, um tesouro escondido no Portugal profundo, todas as segundas-feiras, a partir das 18 horas.

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www.aldeiadaminhavida.blogspot.com

Um casamento em troca de paz

25.05.09, aldeiashistoricasdeportugal
Não podemos deixar a vila de Almeida, sem falarmos da Lenda da princesa Isabel, com já tinha prometido.

“A história da princesa Isabel baseia-se em factos históricos:
Isabel foi a única filha bastarda do rei D. Fernando e não se sabe quem era a mãe. No ano 1372 o rei Henrique de Castela invadiu Portugal com um exército que entrou por Almeida e se dirigiu para sul a fim de cercar Lisboa. Pelo caminho efectuaram pilhagens , houve combates, muitos mortos e feridos. Os portugueses resistiram como puderam mas ficaram muito abalados, e por isso tiveram que fazer cedências na altura de assinar a paz. Uma das cedências foi entregar algumas terras junto da fronteira ao rei de Castela. Do lote fez parte Almeida, que só foi entregue por três anos.
imagem retirada da internet

Na ideia de reforçar os laços de amizade e evitar novas guerras, combinaram-se casamentos de princesas portuguesas com príncipes castelhanos. Isabel, apesar da sua pouca idade (8 anos), seguiu com os exércitos inimigos para se casar com Afonso, também ele filho bastardo do rei de Castela. Acontece que Afonso, que já tinha 18 anos, reagiu mal à ideia (…)

imagem retirada da internet


No entanto, ao contrário de outras pequenas princesas que foram viver para o estrangeiro e tanto sofreram em terras estranhas sem o amor de ninguém, Isabel teve sorte. A rainha de Castela Joana Manuel) era irmã da sua avó paterna ( Constança Manuel) e, portanto, não só a recebeu de braços abertos como a protegeu toda a vida.”


Com essa aliada Isabel aprendeu a língua local e adaptou-se bem à vida da corte castelhana, sem sentir pela falta do príncipe, que andava ao serviço do rei de França.
Com os anos tornou-se uma mulher formosa, alegre e simpática e ninguém compreendia a sua rejeição por parte do príncipe.


“Numa tarde chuvosa do mês de Fevereiro , estando a corte reunida no palácio de Valladolid(…) apareceu Isabel muito bem ataviada em sedas e veludos. Também se penteara com esmero e trazia ao pescoço, nas mãos e nas orelhas as jóias lindíssimas que lhe oferecera a rainha. (…)




imagem retirada da internet
O próprio rei ficou estupefacto ao ouvi-la declarar alto e bom som que chegara à idade de casar.
- Sei que não agrado a D. Afonso e quero que saibam que ele também não me agrada a mim, mas isso não interessa.
A assistência emudecera de pasmo perante aquela rapariguinha altiva e firme, exigindo de cabeça erguida aquilo a que tinha direito:
- Sou filha do rei de Portugal, e se está previsto que me torne nora do rei de Castela, não vejo motivo para esperar mais!
Uma argumentação simples, clara e directa nunca é fácil de rebater. O silêncio prolongou-se com grande incómodo para o rei, que sentiu a autoridade posta em causa diante mil pares de olhos que o trespassavam como quem pergunta: « Então? O príncipe casa ou não casa? »



Imagem retirada da internet

D. Henrique saiu de rompante e mandou escrever em letras gordas uma mensagem ao filho. Ordenava-lhe que viesse imediatamente para subir ao altar e receber Isabel por esposa. Caso não comparecesse, seria deserdado e no testamento encontraria apenas a maldição paterna.
Apesar da ameaça, só nove meses depois se pôde realizar a cerimónia. Uma linda cerimónia na catedral de Burgos, com a presença do arcebispo de Santiago.(…) Quando chegou a vez de Afonso dizer o sim, ficou calado até que o rei se aproximou de cenho franzido e ele não teve outro remédio senão murmurar a palavra-chave, mas fê-lo num repente carrancudo e maldisposto: -Sim.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

À noite foram para o quarto como esposos(…) Mas ele não a abordou.(…) Virou as costas sem uma explicação.
Pobre Isabel! Muito sofreu por ser rejeitada. Preferiu no entanto não contar a ninguém e aguentar firme.(…) Muitas foram as tentativas falhadas! Nem enfeites, nem perfumes, nem trejeitos, nem lágrimas, nem suspiros(…) tiveram qualquer efeito. O marido continuava indiferente.(…)

Por último Isabel recorreu a uma feiticeira sevilhana que toda a gente da corte consultava em segredo. A mulher era velha, gorda, feia e exalava um cheiro estranho a plantas mal cozidas. Sentada num banco de três pés(…) a feiticeira ouviu, ouviu muito calada. Mastigava um pauzinho e sorria absorta.
imagem retirada da internet

- Este caso resolve-se bem se souberes escolher o momento certo e dar-lhe uma beberagem feita com ervas que te indicarei e hão-de ser colhidas pelas tuas próprias mãos numa noite de lua cheia…(…) Um ano depois deu à luz um filho, quebrou-se o enguiço e vieram mais cinco rapagões.(…)”
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Observações:
In: Magalhães, Isabel, Lendas e Segredos das Aldeias Históricas de Portugal, Comissão de Coordenação Centro, Editorial Caminho, S.A. Lisboa, Março de 2002.

Um último olhar por Almeida:

25.05.09, aldeiashistoricasdeportugal
Percorrendo ao longo das muralhas, longe fica o nosso olhar para além do horizonte, onde não se sabe onde começa o céu e acaba a terra .

Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

O silêncio insiste em permanecer ao lado dos canhões, onde há precisamente 200 anos deram tudo por tudo para defender esta terra.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA
Almeida foi uma estrela de guerra, que defendeu, com muito sangue, o nossos país de espanhóis e franceses.
Ao som do vento e em silêncio consegue-se imaginar a vida agitada de outrora no coração de Almeida.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

No ar paira a famosa frase “Almate- Alma até Almeida”, a mais pronunciada e pensada por todos os que ansiavam sobreviver em tempos de guerra, especialmente por soldados ao serviço da coroa portuguesa.

É uma quietude inquietante esta vila de Almeida, mas que vale a pena conhecer e mergulhar na sua História.

Caminhando para Castelo Mendo

25.05.09, aldeiashistoricasdeportugal
Castelo Mendo é outra aldeia Histórica que faz parte do concelho de Almeida.

Para chegar lá, aqui estão as indicações:
Saindo de Almeida , em direcção a Castelo Mendo, basta:

- seguir na estrada n.332;
- passagem por Arrabalde de Poço
- Estrada N. nº 340:
-Virar em Aldeia Nova;
- Passagem por Senoura, Mido
- Chegada a Castelo Mendo
Distância: 20 km
Duração da viagem : 24 minutos

Para visualizar as indicações no mapa, clique aqui.


Para quem vem , por exemplo de Lisboa até Castelo Mendo, recomendamos o seguinte trajecto:

-Entrada na A1, seguindo a A23 (na saída Abrantes-Torres Novas) até Guarda, entra na A25 saída de Sabugal, Almeida pela estrada nº 344, direcção Sabugal e chegada Castelo Mendo.

Distância: 340 Km
Duração da viagem: 3h. 21m

Para visualizar as indicações no mapa, por favor clique aqui.

Em Castelo Mendo , com Saramago:

25.05.09, aldeiashistoricasdeportugal
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

“ A primeira paragem do dia é em Castelo Mendo.
Foto: OLHO DE TURISTA, LDA
Vista de Largo é uma fortaleza, vila toda rodeada de muralhas , com dois torreões na entrada principal. (…) Vila, cidade , aldeia. Não se sabe bem como classificar uma povoação que de tudo isto tem e conserva. O viajante deu uma rápida volta, foi ao antigo tribunal, que está em restauro e só tem para mostrar as barrigudas colunas do alpendre, entrou na igreja e saiu, viu o alto pelourinho(…) "


Foto: OLHO DE TURISTA, LDA

Na próxima semana iremos descobrir mais um pouco sobre esta aldeia.

Até lá, uma boa semana!
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in Saramago, José," Viagem a Portugal", Caminho, 1998.