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Descubra as Aldeias Históricas de Portugal

Viaje connosco pelas Aldeias Históricas de Portugal, um tesouro escondido no Portugal profundo, todas as segundas-feiras, a partir das 18 horas.

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Viaje connosco pelas Aldeias Históricas de Portugal, um tesouro escondido no Portugal profundo, todas as segundas-feiras, a partir das 18 horas.

www.aldeiadaminhavida.blogspot.com

Passeando por Marialva com Saramago

16.02.09, aldeiashistoricasdeportugal




Durante a viagem até Marialva, falei sobre a região onde se insere a aldeia. Estamos praticamente a chegar ao nosso destino e encontro, pelo caminho (e com grande surpresa) uma personalidade de grande renome nacional, Nobel da Literatura Portuguesa o escritor José Saramago. É com muito prazer que os convido a entrar em Marialva, na companhia deste ilustre escritor, que fez questão de escrever sobre esta magnífica aldeia , como se fosse uma"visita guiada":










" Vai o viajante continuar para norte, pela estrada a nascente da ribeira de Teja(...). Passa em Pai Penela, e, dando a volta por Mêda e Longroiva (...), apanha a estrada que vem de Vila Nova de Foz Côa e torna para sul. O caminho agora é planície,ou, com rigor maior, de planalto, os olhos podem alongar-se à vontade,e mais se alongarão lá de cima, de Marialva, a velha, que esta fundeira não tem motivos de luzimento que excedam os legítimos de qualquer terra habitada e de trabalho(...)





Marialva foi chamada, em tempos antigos, Malva. Antes de o saber, o viajante julgou que seria contracção de um nome composto, Maria Alva, nome de mulher. E ainda agora não se resigna a aceitar que o primeiro baptismo venha do rei Leão, Fernando Magno, como dizem certos autores. Sua Mercê não veio, evidentemente, de Leão aqui para ver se esta montanha quadrava bem o nome de Malva. Curou por informações, algum frade que por cá passou e tendo visto malvas julgou que era a terra delas, sem reparar, em seu recato de frade preceituado, que naquela casa hoje arruinada vivia a mais bela rapariga do monte, prescisamente chamada Maria Alva, como ao viajante convém para justificar e defender a sua tese. (...)







De indiferente e calado se não pode acusar o castelo. Nem a vila velha, as ruas trepam a encosta, nem quem aqui mora. O viajante sobe e dão-lhe as boas-tardes com tranquila voz. Estão mulheres costurando às portas, brincam algumas crianças. O sol está deste lado do monte, bate nas muralhas com clara luz. A tarde vai em meio, não há vento. O viajante entra no castelo, daqui a pouco virá o velho Brígida dizer onde está a arca da pólvora, mas agora é um solitário que vai à descoberta do que, a partir deste dia, ficará sendo, no seu espírito, o castelo da atmosfera perfeita, o mais habitado de invisíveis presenças, o lugar bruxo, para dizer tudo em duas palavras.







Neste largo onde está a cisterna, onde o pelourinho está, dividido entre a luz e a sombra, adeja um silêncio sussurrante. Há restos de casas, a alcáçova, o tribunal, a cadeia, outros não se distinguem já, e é este conjunto de edificações em ruínas, o elo misterioso que as liga, a memória presente dos que viveram aqui, que subitamente comove o viajante, lhe aperta a garganta e faz subir lágrimas aos olhos. Não se diga daí que o viajante é romântico, diga-se antes que é homem com muita sorte: ter vindo neste dia, nesta hora, sozinho entrar e sozinho estar e ser dotado de sensibilidade capaz de captar e reter esta presença do passado, da história, dos homens e das mulheres que neste castelo viveram, amaram, trabalharam, sofreram, morreram.





O viajante sente o Castelo de Marialva uma grande responsabilidade. Por um minuto, e tão intensamente que chegou a tornar-se insuportável, viu-se como ponto mediano entre o que passou e o que virá.



Experimente quem o lê ver-se assim, e venha depois dizer como se sentiu.(...)"


in: Saramago, José, "Viagem a Portugal", Caminho, pag. 117,118, 17ª edição, Dez.1998.







Aceite este convite, do nosso ilustre nobel e confirme por si mesmo. Ele próprio deixou um marco quando passou por lá, em 1998.




Depois dessa viagem deslumbrante, já tem , concerteza apetite para uma boa refeição. Para tal eu sugiro um saltinho até à cidade de Mêda, a 7 km, para saborear, no simpático restaurante Sete e Meio, o melhor da região:


- sopa de legumes do dia

- prato típico "Posta dos pobres (parte especial de lombo de porco com batata a murro e molho secreto);

- acompanhamento: legumes da época e da região

- vinho tinto "Medalva" ou "Adega de Mêda"

- sobremesa : pudim de requeijão (requeijão, ovos e amêndoa moída)

- café



Preço final 17,50 € para duas pessoas

Para mais informações,
consulte: http://www.seteemeio.com/
contacte: 279 883 272

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Para descansar por terras de Marialva, porque não regressar à aldeia e desfrutar do silêncio,num ambiente requintado e acolhedor, típico da aldeia, nas famosas "Casas do Coro".







Para mais informações,

consulte o site : http://www.casasdocoro.com.pt/

contacte: 91 755 20 20


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E por hoje ficamos por aqui.

Gostou da viagem? Então , cá estaremos na próxima semana para descobrirmos um pouco mais sobre as figuras emblemáticas de Marialva.



Tenha uma boa semana e bons passeios!



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